domingo, 6 de outubro de 2019

When a good man goes to war

Levantei, pela vida, bandeiras que nunca pensei em levantar.

Levantei a bandeira de proteção aos animais em um momento aonde eles estavam, na verdade, me protegendo de mim mesmo.

Levantei bandeira contra intolerância religiosa particularmente quando essa vinha de lugares de onde eu havia partido.  E que prometera não voltar.

Levantei bandeira sobre igualdade, sobre questão racial, sobre política, sobre valores morais intrínsecos a minha infância e o meu respeito às coisas nas quais acredito só se refletem nas horas em que me exponho ao dano por elas.

E hoje levantei uma bandeira contra o preconceito.
Em uma causa que me era tão alheia, que só conhecia dos gritos ensandecidos de militantes apaixonados por uma realidade que achei que era em parte inventada por eles.






Não é.

It's real.

It's here.

Fui abençoado em quase todos os meus locais de trabalho aonde esse problema era inexistente.  Havia muito companheirismo e muito respeito entre os colegas do trabalho.  E a gente tendia a achar que todo lugar era assim.  E não era.  E a gente se irritava ao ouvir gente gritando um problema que não afetava nem a nós nem ao nosso ambiente.  Como alguém tomando uma bronca por algo que não fez.

E a exceção à regra veio.  Em um dos locais aonde trabalhei.  Povo provinciano, cabeça fechada.  Pessoas pequenas, no geral.  Simples a ponto de se definirem em um adjetivo.  Simples a ponto de definirem os outros também em uma palavra.
Pessoas essas que me tinham como alguém controverso ao menor descuido, a qualquer adereço novo.
Que me tinham com o adjetivo "psicopata" talvez porque eu observava as pessoas em silêncio quando expressavam suas sandices.

E uma pessoa nova chegou no andar, e o único adjetivo que lhe deram foi "traveco".

Sério.

É uma cientista de dados, com conhecimentos em Machine Learning, Python, análise de dados, Business Inteligence, artigos escritos.  Que mora sozinha em uma cidade como essa, que saiu da casa dos pais para ganhar o país e, quem sabe, mais tarde o mundo.

Mas era um traveco.

E eu me vi levantando uma bandeira contra um preconceito que nunca vira e que achava morto.
Eu me vi justificando o grito de revolta em um lugar aonde qualquer pessoa "fora da curva" era quando muito tolerada, mas não aceita.  E quando aceita, não era valorizada.

Não levei minha outra pessoa para lá.  Ela queria ir, revoltou-se junto comigo.
Com ajuda do terapeuta consegui refreá-la do intento e tratamos a coisa com diplomacia.
Nada foi tornado tão público (conversa em grupo do whatsapp), nada precisava ser feito tão ostensivamente.

Não sou um homem bom.  O título do post é misleading.
Nem sequer fui para a guerra.  Foi apenas uma batalha.

O que isso tudo me tornou?  Não sei ainda.

Só sei que o homem que volta para casa é sempre diferente daquele que vai ao campo de batalha.
O homem que brandiu armas embaixo de uma bandeira é diferente daquele que se esquivou e fingiu que não era com ele.

Eu sou James Cleverson McBryan
e também sou Laura  ;)

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