Bebi de me perder.
Bebi de me esquecer.
Bebi de ser outro, outros, tantos. Tantas vidas querendo existir ao mesmo tempo no curso de uma única encarnação. Os ecos do passado irmanados, ombro a ombro, com a fria brisa de um futuro incerto.
Bebi.
Bebi na quarta como se fosse este o último dia do mundo. Ou meu. Ou de ambos. E aqui estamos todos, e ninguém te deu adeus e a vida, essa precária, te acompanha em silêncio mantendo sempre a distância.
Bebi e havia um misto de comemoração, desilusão e franqueza. Honestidade etílica que apenas não atingiu as pessoas certas, apenas falhou em ver teus olhos, apenas me viu mentir.
Menti.
Descaradamente.
Da forma mais humana possível
Menti ao receio de perder seus olhos na multidão,
na selva de cabeças disformes, na massa.
Sem perceber que nunca te tive, nunca te terei,
que sempre fostes sua.
Em um momento de fraqueza, escancarada minha ferida e sangrando, sou apenas o que sempre fui.
Alguém que já viveu tempo demais,
e já se cansou de dizer adeus.
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