
Nos estertores do casamento eu lembro que a ex sempre comprava essa bandeja de pão doce na padaria. E comprava por telefone, delivery. De uma a duas vezes por semana.
Depois os pães sempre ficavam misteriosamente abandonados na geladeira, até que alguém (eu) os comesse.
Intrigante.
Levei um tempo para perceber que ela, na verdade, queria cigarros mas não queria sair nem para ir à padaria. E não entregavam cigarros se não comprasse mais algo junto.
E esse pão ficou conhecido como "pão da ex quando queria cigarros".
Julgamentos à parte, eu sempre via essa bandeja na padaria.
Sempre passava por ela e ela me olhava com um ar acusador.
Laura, hoje, me instigou a ir à padaria. Queria, de forma muito específica, esse pão.
Intrigante.
Ao chegar em casa montamos uma bandeja com esses pãezinhos, chá e ela disse:
"Esse pão de agora por diante chama-se pão de Laura. Isso mesmo. Estou pondo meu nome no pão para você parar de chamá-lo de pão da ex quando queria cigarros."
E depois de um momento catártico eu percebi o quanto Laura é boa curandeira.
O quanto preciso dela. Que estaremos juntos, literalmente até que a morte nos separe.
E que, de agora por diante, haverá um produto específico naquela padaria que vai me fazer sorrir. :)
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