Pegando para lembrar dos personagens de outrora, das campanhas de RPG:
- Christopher Rockwell, um motoqueiro bom de mira, apaixonado por Guns'n'Roses e que trabalhava como matador de aluguel;
- Padre Gregório, que cuidava da Catedral da Sé, se passava por Salubri, e morreu durante uma luta que resultou em incêndio na Catedral;
- Eddie, que nasceu lobo, não tem nome mas chamam de Eddie. Tem medo de música barulhenta, especialmente rock;
- Cléber, egresso da família Matarazzo, que vive nas ruas do Central Park como um Roedor de Ossos aplicando pequenos golpes para sobreviver;
- Gustavo, cabeludo estilo grunge, apaixonado por aviação que observava todos que iam e vinham do Aeroporto Internacional. Teve seu fim quando o filho de Christopher, que se descobriu Garou, desembarcou em São Paulo à procura do pai;
- Silver Yaddan, Nosferatu sujo, tem um rato de estimação chamado Hermann e adora assustar incautos que entrem em seus túneis com trejeitos teatrais (como surgir do esgoto lentamente);
- Slash Calliber, mercenário, cresceu nas guerrilhas latinas, dormindo em buracos de bombas. Tinha um braço cromado que lhe custou literalmente um rim e ainda carregava uma dívida enorme a ser paga;
Todos esses personagens tiveram um pouco de mim. Em todos eles assoprei vida por alguns instantes. Depois eles se foram, murcharam e voltaram para a planilha de onde vieram.
Alguns até me surpreenderam em algumas decisões que só se tornaram possíveis porque eu compreendi a motivação do personagem, mesmo que aquilo naquele momento fosse dar à história um desafio completamente diferente.
E um dos personagem escreveu, ele próprio, seus contos.
O processo com esses personagens começou por fora: com o esboço de um estereótipo, com o detalhamento daquela pessoa, até o ponto em que ele saltasse do papel e exigisse ser ouvido.
Houve personagem que recusou nome, não colava nele de jeito nenhum.
Houve personagem que não deu "liga" comigo, não consegui interpretá-lo com dignidade e acabou sendo guardado em um canto, esperando mais digno ator.
Esses personagens eram roupas que se vestiam e, aos poucos, entravam na sua pele, aos poucos ganhavam suas entranhas, até colorir o seu sangue. Mas eram, todos eles, estímulos vindos de fora.
Ao final da sessão raspava-se o personagem e se seguia a vida.
Todos foram notórios, todos pertenciam a uma era aonde criávamos os nossos próprios deuses, lendas, mitos. Alguns sobreviveram e são lembrados através dos tempos nas nossas memórias.
Gosto de imaginá-los na zona neutra entre mundos de fantasia, na encruzilhada entre planos, ao redor de uma fogueira que, para todos os efeitos práticos, é totalmente inútil. Esperando o próximo chamado para a aventura.
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